sexta-feira, 6 de julho de 2007

Lágrimas de Crocodilo

Um advogado conhecido preparou a peça de uma ação sobre a crise nos aeroportos, enfatizando a questão emocional do cliente, retido por um dia em Guarulhos, quando deveria ter chegado ao seu local de destino. Desconheço os meandros do Direito. Porém, o que me chamou atenção foi a ênfase no emocional, quando o que se está exigindo é pura e simplesmente o direito do consumidor. Oras, se o contrato de viagem prevê que a referida seja realizada tal dia. Ponto. Ela deve ser no dia combinado, nem antes e nem depois.
Ao refletir sobre esse assunto de pronto lembrei-me do depoimento do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), chegando às lágrimas no plenário. Aliás, Roriz não foi o primeiro e nem o último a chorar ao se defender de acusações que garante serem injuriosas ou arquitetadas por seus inimigos. O Congresso tem virado um verdadeiro vale de lágrimas.
Neste caso o chororó não surtiu efeito. Quero crer que a orientação para que Roriz vertesse copiosas lágrimas tenha partido de seu advogado, que não sei quem é. A tática, usada à exaustão em Brasília nos últimos anos, não comove mais ninguém. É bom que assim seja. Melhor ainda que haja punições exemplares (ó credulidade!).
Por outro lado, Roriz é bastante versátil em sua pantomima. Agora dá risada, diante da impunidade. Renunciar para não ser cassado e se tornar inelegível. Ele acredita na memória curta do eleitorado, que infelizmente é capaz de reconduzi-lo ao Senado, lembrando-se apenas de suas "lágrimas de crocodilo".
É, tenho que dar a mão à palmatória! Está certo o advogado lá do começo da história em apelar para o emocional e não para o que é direito e justo.