sexta-feira, 27 de julho de 2007

Alumiô a lua, alumiô o mar...


"Estrela d´alva avisô que a fantasia já vai começá" ...

Com este refrão, abriu-se um dos momentos mais interessantes do I Encontro Nacional de Contadores de História, em Santa Bárbara D´Oeste, em meados de julho. Com apoio da Prefeitura daquela cidade e acompanhamento do Secretário de Cultura e Turismo local o evento reuniu 90 participantes de 33 cidades e cinco estados do país. A coordenação foi da Cia Xekmat de Teatro. O interessante é que a maioria dos contadores trabalha em grupos, onde há troca de experiências constante, aprimorando ainda mais essa arte. Há ainda contadores-solo, como Amauri Alves com seu “Contos da Mata”, um espetáculo imperdível. Os contadores são verdadeiros artistas que cativam crianças e adultos levando-os a participar ativamente das narrativas. Entre alguns, destaque para os grupos Era Uma Vez e Seiva, Suzana Montauriol e Valter Valverde.
As histórias, em sua maioria, são aquelas que todo mundo conhece. Ganham, porém, nova dimensão na voz e no trejeito de cada contador. O público, numeroso no domingo que foi o último dia do encontro no Parque dos Ipês, foi convidado a se acomodar em enormes colchas de retalhos para ler histórias ou junto ao pequeno palco para ouvi-las.
Ninguém se fez de rogado. Tirando ou não os sapatos homens, mulheres e crianças acomodaram-se sobre a colcha para escutar a conhecida história do Lobo Mau e os 3 Porquinhos. A simplicidade do cenário faz com que cada ouvinte o crie em sua própria imaginação, deixando-se envolver, também, por um efeito quase hipnótico.
"Era uma vez" ... e seguia a narrativa conhecida, quando irrompe o palco o próprio Lobo Mau gritando: "Calúnia! Calunia! Calúnia! Não aguento mais tanta calúnia. Sou um lobo tão velho e todos querem fazer acreditar que eu comi aqueles três porquinhos."
A partir daí o lobo começa a contar a sua versão dos fatos (não sei porque me lembrou o presidente Lula ao repetir sempre que não sabe e não viu. Bem, mas esta já é outra história, nada infantil).
As crianças, em especial, não se deixaram enganar pela falsa e comovente, porém nada fiel narrativa do Lobo, criando novos desfechos ainda mais engraçados. Como principalmente os livros, o teatro e até o cinema permitem fazer a imaginação voar, essa parte do encontro chamava-se "histórias de cabeça para os pés, que permitem sonhar um mundo ao revés". Quer coisa melhor para entreter, levar cultura e interesse pela literatura e pelas artes a crianças, jovens, adultos e idosos?
Em tempo, o evento foi totalmente gratuito e as pessoas de outras localidades ficaram alojadas e receberam refeições no Caic (Centro de Atendimento Integral a Criança) daquele município.
O Encontro de Contadores de História é uma iniciativa que qualquer prefeitura pode promover, com custo mínimo e benefício máximo... claro, desde que os que estão no poder tenham interesse (ainda que político) em Educar. Essa é uma forma lúdica e prazerosa.