sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

De novo com tempo

Mais uma vez deixei minha bancada de jornalista, dei um tempo. Alguém me disse, "você está saindo do jornal?" De fato, mas não deixando o jornalismo. Isso é impossível. Ele está entranhado na minha pessoa há mais de 30 anos e escrevendo ou não para um jornal, continuo escrevendo e mais que tudo pensando jornalísticamente seja no carro, na caminhada, lendo o que outros gênios da imprensa escrevem, tentando analisar os prós e os contras do que é dito e feito - muito pouco por sinal - na cidade, estado, país onde moro.
Agora, com tempo para o Em Tempo, enquanto não pintar alguma coisa nova, vou poder expressar minhas idéias, sem estar presa a uma filosofia editorial. Aliás, esse é sempre o grande desejo do jornalista. Escrever o que lhe dá na telha, como dizia um antigo editor.
Enfim, é isso. Posso fazer uns frilas, arriscar na seara literária (chic, né), talvez produzir alguns contos. Já escrever um livro é mais complicado. Não tenho folego para tanto. Como sempre fui repórter/redatora fiquei acostumada a trabalhar com a palavra do outro. Agora será preciso deixar de lado o "ouvir o outro e os dois lados", para ouvir a si mesmo. Mas, é um aprendizado e a gente vai tentando esquecer de trabalhar com as palavras ouvidas e anotadas e deixar vir à luz as suas. É verdade que entre uma aspa e outra sempre deixamos entrever o que pensamos. Porque jornalista pensa e muito. O tempo todo. Por isso, é que digo ser difícil deixar o jornalismo.
Bem, não era bem isso que imaginei ao pensar em retomar o blog. Claro que era bem melhor, mais bem escrito e cheio de tiradas geniais enquanto as palavras se formavam em minha mente. Às vezes, enquanto a imaginação voa, escrevemos o que achamos ser o texto perfeito. O complicado é que não se anota ou anota-se alguma coisa em um bloquinho e ao tentar reproduzir no papel, nunca fica tão bom quanto o imaginado. Esse é outro dilema que a gente vive. Muitas idéias são muito mais legais quando estão sendo pensadas. As danadinhas fogem, basta ver um teclado.
Então é isso. Não dá para deixar o jornalismo, porque não dá para deixar de contar uma boa história e não se sabe quando ela irá aparecer. Ou melhor, ela aparece sempre, seja em assuntos da cidade, de polícia, de caderno B ou C porque são fatos da vida. Para não perder nenhum insight o jeito é levar sempre um bloquinho, outro vício da profissão.