Mais uma vez deixei minha bancada de jornalista, dei um tempo. Alguém me disse, "você está saindo do jornal?" De fato, mas não deixando o jornalismo. Isso é impossível. Ele está entranhado na minha pessoa há mais de 30 anos e escrevendo ou não para um jornal, continuo escrevendo e mais que tudo pensando jornalísticamente seja no carro, na caminhada, lendo o que outros gênios da imprensa escrevem, tentando analisar os prós e os contras do que é dito e feito - muito pouco por sinal - na cidade, estado, país onde moro.
Agora, com tempo para o Em Tempo, enquanto não pintar alguma coisa nova, vou poder expressar minhas idéias, sem estar presa a uma filosofia editorial. Aliás, esse é sempre o grande desejo do jornalista. Escrever o que lhe dá na telha, como dizia um antigo editor.
Enfim, é isso. Posso fazer uns frilas, arriscar na seara literária (chic, né), talvez produzir alguns contos. Já escrever um livro é mais complicado. Não tenho folego para tanto. Como sempre fui repórter/redatora fiquei acostumada a trabalhar com a palavra do outro. Agora será preciso deixar de lado o "ouvir o outro e os dois lados", para ouvir a si mesmo. Mas, é um aprendizado e a gente vai tentando esquecer de trabalhar com as palavras ouvidas e anotadas e deixar vir à luz as suas. É verdade que entre uma aspa e outra sempre deixamos entrever o que pensamos. Porque jornalista pensa e muito. O tempo todo. Por isso, é que digo ser difícil deixar o jornalismo.
Bem, não era bem isso que imaginei ao pensar em retomar o blog. Claro que era bem melhor, mais bem escrito e cheio de tiradas geniais enquanto as palavras se formavam em minha mente. Às vezes, enquanto a imaginação voa, escrevemos o que achamos ser o texto perfeito. O complicado é que não se anota ou anota-se alguma coisa em um bloquinho e ao tentar reproduzir no papel, nunca fica tão bom quanto o imaginado. Esse é outro dilema que a gente vive. Muitas idéias são muito mais legais quando estão sendo pensadas. As danadinhas fogem, basta ver um teclado.
Então é isso. Não dá para deixar o jornalismo, porque não dá para deixar de contar uma boa história e não se sabe quando ela irá aparecer. Ou melhor, ela aparece sempre, seja em assuntos da cidade, de polícia, de caderno B ou C porque são fatos da vida. Para não perder nenhum insight o jeito é levar sempre um bloquinho, outro vício da profissão.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
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