domingo, 16 de setembro de 2007

Reações adversas

Chama-me a atenção, ultimamente, o apego de uma boa parte das pessoas a valores culturais herdados ou que passaram de geração em geração, sem muita lógica. Muitos deles, senão a maioria são bons. Refletem o valor pessoal e familiar de cada pessoa. Outros, no entanto, não possuem qualquer fundamentação e são usados quase como um escudo.
Fiquei surpresa! Apesar do tempo de vida, ainda sou bem inocente em relação à complexidade do ser humano.
Só para exemplificar cito dois casos que observei, recentemente. Claro, vou contar o milagre não o santo.
Um cidadão que sofre de diabetes acidentou-se nos pés, devido ao uso de um sapato que lhe causou uma bolha. Sem procurar um médico, limitou-se por mais de uma semana a tratar o ferimento, que não dava sinais de boa recuperação. Todos conhecem os perigos que a doença representa principalmente quando ocorre algum ferimento nos membros inferiores. Pois, mesmo admoestado (cruzes, essa tirei do baú) para procurar um médico e fazer o curativo devido, etc e tal, simplesmente se recusou. Alegou por diversas vezes que "aquilo não era nada", não havia qualquer risco de perder o dedo e menos ainda o pé. Enfim, diversas contraposições às orientações de um profissional de saúde que o orientava, que culminaram com a frase: "minha mãe colocava barro nos ferimentos e nem ela e nenhum de nossos irmãos, lá no sítio, morreu de infecção". Só para resumir, evitando outras teorizações, é bom notar que o controle da diabetes é algo bem recente, pois não!
O outro caso diz respeito à nova (ou será uma volta aos primórdios) profissão que eu estou assumindo: estética facial. Aqui abro um parêntese pessoal. - Pra quem não sabe sou esteticista formada pelo Senac na década de 70, em São Paulo. Trabalhava na área de marketing, exercendo funções de redatora em uma renomada empresa de cosméticos. Como nosso envolvimento abrangia a utilização de produtos faciais e corporais desde sua nomenclatura, bula, material de divulgação e até acompanhamento de testes de qualidade, resolvi aprender um pouco mais sobre o assunto. Agora, com o limitado mercado de trabalho para jornalistas profissionais, retomei através de uma especialização, feita em Campinas, essa área da beleza, da qual sempre gostei muito.
Aí vai o caso: ao falar sobre a importância do cuidado com a pele, entre eles uso de filtro solar, hidratação e de cosméticos de última geração anti-idade ou anti-sinais, tenho encontrado resistência enormes. Em geral a resposta é: "não uso nada na pele! Nunca usei e não acho que é preciso usar!". Às vezes, repete-se a observação do caso anterior: a mãe nunca usou e tinha uma pele ótima.
Acredito em ambos...porém, os tempos mudaram. A vida do planeta e de cada indivíduo é constantemente agredida externa e internamente. Se estamos no século 21, porque não usufruirmos de algumas benesses que este tempo tão atribulado também nos traz. Enchemo-nos de inovações e produtos inúteis que a globalização nos enfia casa a dentro através da tevê e do telemarketing e esquecemos de cuidar-nos naquilo que deveria ser o mais importante: nossa qualidade de vida. Fim de papo!