quarta-feira, 18 de julho de 2007

Tragédia anunciada

Em meio aos sentimentos de tristeza e de indignação causados pelo acidente aéreo de ontem, dia 17/07/07, em São Paulo, a voz do presidente do Sindicato dos Aeroviários, Carlos Camacho, deu a definição exata: uma tragédia anunciada.
Morei em São Paulo, bem próximo ao aeroporto de Congonhas, boa parte de minha vida. Há uns 30 anos não era permitida a construção de prédios acima de cinco andares nos bairros de seu entorno. Da janela de meu apartamento avistava-se o xadrez que demarca o final da pista. Mesmo com aviões de potência bem inferior as atuais aeronaves o perigo e o ronco dos motores já assustavam a vizinhança.
O tempo passou e o aeroporto continua o mesmo, pior ainda, a cidade se aglomerou a sua volta e centenas de espigões fecharam a paisagem. Quem autorizou essa invasão da área no entorno do aeroporto e a mudança de parâmetros das construções?
Agora especulam-se as causas do acidente. Mas, sejam elas quais forem, não se pode abonar a responsanbilidade das autoridades públicas e do empresariado aéreo. Como bem apontou Camacho, ambos (governo e autoridades da aeronáutica, mais os empresários) são gananciosos. Muito dinheiro correu para que não se permitisse (e nem agora permitirão) a desativação de Congonhas para aeronaves de grande porte. Assim como não deixaram que as reformas da pista e do pátio do aeroporto fossem executadas desde o início do ano. Isso significaria seu fechamento por cerca de três meses e como ficariam seus investimentos?
Resta aos que perderam parentes e amigos pranteá-los. Resta a todos nós chorar, também, pelo descalabro dessa crise aérea e de tantas outras a que assistimos diariamente, tratando seres humanos e a dignidade de nossas vidas como coisa sem valor.

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